sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Materiais e ligas para Flauta Por André Luiz Medeiros

Nickel Silver – esta liga não contém prata, como o nome sugere. Também conhecida como german-silver ou alpacca. É uma liga de cobre, zinco e níquel, usada principalmente em instrumentos para estudantes, por serem mais accessíveis, sem prejudicar muito as características sonoras. Alguns consideram uma liga com resultados de timbre um pouco foscos, embora outros discordem.

PCM – liga de prata utilizada pela Miyazawa, com 65% de prata e outros materiais nobres. Responde rapidamente e projeta bem o som.

Silver (prata) – usada há mais de um século, é uma escolha certa e segura para flautas. De acordo com o fabricante, tem diversos índices de pureza e apresenta liga com diferentes materiais. A prata tem ótima resposta sonora, brilhante e viva. A prata pura só é normalmente encontrada em banhos de flautas mais baratas, de nickel-silver. Resiste muito à corrosão. Coin Silver – de modo geral, 80% a 90% prata em liga com cobre. Como o cobre escurece mais rapidamente, resulta que as flautas de coin-silver são quase sempre folheadas com uma
camada de prata.

Sterling Silver – 92.5% de prata. É um metal padrão para bons instrumentos, mas escurece um pouco. A sterling-silver foi usada como metal padrão na Inglaterra do século 12, quando o Rei Henry II a importou de uma região da Alemanha conhecida como Easterling. Daí o nome.

Britannia Silver – 95.8% prata. Este material nobre é, ao que se saiba, somente usado em certos modelos da Altus [e AZUMI]. O nome vem do fato de que este metal serviu para cunhar moedas na Inglaterra, de 1697 a 1719.

Super Solid Silver – utilizada pela Sankyo e Altus em suas flautas mais caras, contendo incríveis 99% de prata.

Auromite – 14K rose-gold, fundido a um tubo de sterlingsilver. Em matéria sonora, tende ao escuro e exuberante som do ouro-maciço.

Gold Silver – composição nova de 10% de ouro e 90% de prata. Altamente resistente à corrosão. Tem o brilho sonoro da prata com um pouco do timbre quente do ouro. É um metal que resulta em flautas com uma linda sonoridade.

Paládio Rose Silver – é um material usado pela Miyazawa, com uma sonoridade similar ao rose-gold (ouro 14K). Compõe-se de prata, cobre (na mesma proporção das flautas em rose-gold) e palladium. Experimentos realizados com flautas com alta percentagem de cobre mostraram terem as mesmas uma colorida e flexível paleta sonora. As flautas de palladium rose-silver possuem muitos harmônicos e uma sonoridade sólida e estável.

Ouro – mais denso que a prata, fica mais resistente quando associado a outros metais, como o cobre. As flautas em ouro são características pelo som mais quente e escuro. De acordo com a quantidade de ouro em relação aos outros metais da liga, o ouro pode ser de 9, 14, 18 ou 24K. O ouro apresenta-se comumente em liga com o cobre, mas também pode estar associado com a prata ou outros materiais. Quanto maior a quantidade de ouro, mais quente é o som. Quando em 24K, o ouro vem em liga com traços muito pequenos de titânio, visando aumentar a resistência do material. Algumas flautas atuais são bonded, isto é, uma fina camada de ouro é aplicada sobre a prata ou outro metal. Esta camada de ouro é mais espessa que a de prata nas flautas mais baratas.

Platina – o mais denso material para flautas. De cor branca, essas flautas têm uma sonoridade penetrante e, segundo alguns, algo dura. O nome vem do fato de que quando a platina foi descoberta pelos espanhóis em 1538, chamava a atenção por se assemelhar em cor à prata.

Ródio – utilizado para revestir flautas, proporcionando um acabamento brilhante e fortalecendo qualquer material. Especialmente empregado para evitar corrosão em chaves e mecanismos. Somente utilizado pela Miyazawa.

Fibra de Carbono – material ainda experimental, usado pela fábrica finlandesa Matit. A característica mais conhecida destas flautas é terem um som muito amplo, mais forte do que o da prata, segundo testes acústicos realizados. A fibra de carbono é muito leve, além de bastante resistente. No Brasil, nosso colega Leo Fuks vem fabricando bocais em fibra de carbono.

Ebonite – material resultante da combinação de chumbo, enxofre, borracha e pigmento preto. Resistente a qualquer abuso e mal-trato, não absorve umidade e o som melhora com o passar do tempo. As flautas de ebonite foram razoavelmente usadas na 2ª metade do século 19, estando praticamente abandonadas hoje em dia.

Madeiras – largamente empregadas até princípios do século 20, hoje ressurgem do passado. Várias madeiras foram e ainda são usadas para flautas, como o cocus-wood (tipo de grenadilla; som forte e brilhante), a grenadilla (African blackwood; brilhante e um pouco menos sonora que a anterior; com o tempo adquire um som mais doce), o ebony (ébano), praticamente extinto nos dias de hoje (linda sonoridade, mas algo propensa a rachaduras e trincas) e o box-wood (madeira de buxo; som brilhante e doce.

E, finalmente, alguns materiais experimentais, como o titânio (usado pela Landell), cermet (cerâmica associada a certos metais), o bronze (utilizado experimentalmente por Jack Fraser), o aço inoxidável (usado eventualmente pela Rudall Carte desde 1935, chamado de "O Novo Metal"; corpo e pé em uma peça única; usado também no mecanismo das flautas pelo inglês Stephen Wessel), o perspex (resina acrílica transparente produzida pela Selmer nos anos 40 e 50), e o alumínio (usado na Alemanha por Uebel; os tubos eram muito espessos).

Autor: André Luiz Medeiros
Fonte: Revista Pattápio, edição: AnoXII - No 26 - Julho de 2006. A Revista já publica e está gratuita no site da Abraf. Publicado aqui com permissão do caríssimo Rogério Wolf, presidente da ABRAF.

Baixar a Revista Pattápio, edição: AnoXII - No 26 - Julho de 2006

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